segunda-feira, 14 de julho de 2014

AS DERROTAS DE JULHO

Em 1930, através de golpe, pondo fim à república velha e depondo o então presidente Whasington Luís, Vargas chega ao poder, lugar onde permaneceu por quinze anos e depois regressou por mais três anos até seu trágico suicídio. Na contramão do golpe, eclodiu em São Paulo, em 1932, revolução encabeçada pelos insatisfeitos com o governo provisório de Vargas, notadamente com a redução da autonomia que era gozada pelos estados na égide da Carta de 1891.
A beligerância paulista foi contida violentamente pelo exército, acarretando na morte de cerca de duas mil pessoas. Foi uma derrota e um banho de sangue jamais visto novamente pelo Brasil. Nos dias de hoje, entretanto, São Paulo comemora o dia 9 de julho – data do início da revolução – como um marco cívico e fazem um feriado para tanto. Comemoram uma revolução em que foram derrotados, em que se renderam.
Julho parece mesmo um mês de derrotas. Dia 8 de julho de 2014, um dia antes da comemoração paulista em homenagens à revolução derrotada, assistimos em solo brasileiro a uma verdadeira chacina do futebol. Foram sete fulminantes gols da Alemanha, que ecoaram como os tiros dos fuzis usados na revolução de 1932 e colocaram um fim nas esperanças de mais um título mundial.
A derrota em 1932, ao menos, deixou um legado positivo, eis que fomentou a edição da Constituição de 1934. Saberemos em breve qual será o espólio da Copa do mundo de 2014.  
 
Gabriel Dolabela - professor de direito da Escola Paulista de Negócios

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