sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

As cinco diretrizes para as empresas se tornarem digitalmente sustentáveis




Depois de transitar com muito vai-e-vem pelos âmbitos científico, acadêmico, empresarial e político, o conceito da sustentabilidade finalmente chega à casa de milhões de famílias brasileiras.
Além do resultado da rodada do futebol do dia anterior e da condição climática para o final de semana, os impactos do descarte de lixo doméstico ou do consumo residencial de água no aquecimento global passam a fazer parte da pauta de assuntos e preocupações cotidianas de boa parte dos cidadãos brasileiros.


Em outras palavras, depois que a palavra sustentabilidade foi dita e “martelada” na consciência do cidadão uma porção de vezes durante os debates e a propaganda política das eleições para presidente e governador, o tema definitivamente entrou na agenda de prioridades da sociedade (e da mídia em geral) como relevante para seu envolvimento, contribuição e aplicação.


Este cidadão comum, que por sua vez também é um cliente de empresas e consumidor de produtos e serviços, cada vez mais se questiona em relação ao seu papel como agente de transformação e, por consequência, busca informações sobre como transformar seus hábitos e ações em aplicação da sustentabilidade. 


Algumas das questões que se colocam são: como devo contribuir? O que devo fazer para cumprir minha obrigação e corresponsabilidade? E quanto se fala de corresponsabilidade, cada pessoa (em seus diversos papéis: cidadão, consumidor, familiar, líder etc.) ou organização de pessoas (empresa, governo, entidade, associação etc) tem sua “parcela de culpa e responsabilidade no cartório”.


Quando avaliamos o papel das empresas, outros pontos aparecem, tais como: qual deve ser o conjunto de filosofias, ações e premissas que as empresas devem seguir, respeitar e incentivar para se tornarem qualificadas como praticantes da sustentabilidade (considerando seus aspectos econômico, social e ambiental – triple bottom line)? Quão profunda ou ampla deverá ser a defesa de tais conceitos em sua adoção corporativa? E quais os resultados esperados para a empresa, para seus públicos de interesse e para o entorno?


Essas são questões complexas e existenciais, que mexem profundamente na cultura e no modelo de negócio das empresas, e que deverão ser respondidas no curto prazo por livre e espontânea pressão estratégica. Com o pequeno agravante de que a intensidade de cobrança das relações de corresponsabilidade entre os diversos envolvidos (e culpados) aumenta exponencialmente no ritmo das redes sociais digitais. 
Neste contexto, não há espaço para a falta de transparência ou de diálogo contínuo com os diversos públicos de interesse, seja em relação a demandas relacionadas à postura sustentável da empresa ou não, pois o simples fato de atuar nas redes sociais representa uma oportunidade de aplicar a sustentabilidade na prática.

Dessa forma, a aplicação digital da sustentabilidade (ou o desenvolvimento de uma política e conduta de sustentabilidade digital) representa uma aplicação essencial do tema para as empresas conscientes e comprometidas com sua relação.
Porém, um ponto importante a ser destacado se refere ao fato de que a sustentabilidade digital não é uma abordagem isolada de uma ou outra empresa, mas sim, uma postura e compromisso setorial que não deve incluir apenas empresas, mas que fundamentalmente envolve o usuário e demais agentes como governo, universidades e ONGs.
 Ou seja, de nada adianta a empresa ser digitalmente responsável se o usuário, consumidor ou funcionário não fizer sua parte.

Como a web é uma rede de relações e relacionamentos, todos os agentes estão correlacionados e são, portanto, interdependentes e corresponsáveis por sua governança e utilização responsável. Dessa forma, a definição de um código de conduta para a atuação digital sustentável nas empresas se faz premente. Como o próprio conceito de sustentabilidade demanda a construção conjunta e colaborativa (coconstrução), colocamos a primeira pedra sugerindo as 5 primeiras políticas e diretrizes para as empresas se tornarem digitalmente sustentáveis.


1. Responsabilidade no relacionamento com públicos de interesse: adoção de clareza e respeito à permissão de interação e acesso dado por cada público e adequação da mensagem, conteúdo e formato da informação (e rede de interação) ao seu interesse e perfil.


2. Transparência na comunicação institucional: garantir correção, atualização e prontidão na disponibilização de dados e informações de interesse e relevância para cada público.


3. Transparência nos processos de transação on-line: garantir a realização de compras, vendas, aquisições, licitações, leilões e demais formas de transação com condições claras e regras bem definidas, evitando erros de compreensão ou indução ao erro.


4. Responsabilidade no monitoramento: monitorar o comportamento do usuário para evitar fraudes à empresa ou aos públicos de interesse definindo os devidos limites entre monitoramento e invasão de privacidade.


5. Utilização devida da propriedade intelectual: utilizar de forma responsável a propriedade intelectual através da citação de fontes e autores, no caso de conteúdo de terceiros, e da adoção de dispositivos de proteção de capital intelectual quando proprietário, bem como incentivo aos demais públicos de interesse sobre esta diretriz.


Discorda ou tem um ponto de vista diferente sobre a adoção das políticas e diretrizes abaixo como sustentabilidade digital?


Charles Beck Varani. Texto originalmente publicado no Portal  HSM -hsmeducacaoexecutiva.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

COMENTE